Para fechar com chave
de ouro o “Dança Araçatuba”, a Secretaria Municipal da Cultura apresenta, nesta
sexta-feira (15), às 20h, no ginásio Plácido Rocha, uma das principais
companhias de dança do Brasil, a Cia. Ballet Stagium, com os espetáculos “Memórias” e “Preludiando”.
Os diretores Marika
Gidali e Décio Otero se uniram para uma série de programas didáticos sobre as
diversas vertentes da dança para a TV Cultura e, assim, nasceu o Ballet
Stagium, em 23 de outubro de 1971. Hoje, já tem 46 anos de existência.
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Marika Gidali e Décio Otero |
Desde o início, a Cia apresenta
estética e linguagem inovadoras, unindo o espetáculo da dança com a realidade nacional.
Viajando pelo Brasil, os diretores perceberam a necessidade de despojamento e
coerência com a realidade em que viviam os brasileiros.
A partir de então, o
questionamento a respeito do ofício de ambos levou-os a incorporar os problemas
nacionais nas apresentações artísticas da companhia, formando um repertório não
apenas artístico, mas também social e pedagógico, misturando vertentes
universais da dança com aspectos tipicamente brasileiros.
Primeira companhia
nacional a utilizar trilhas sonoras da Música Popular Brasileira (MPB), o
Ballet Stagium já realizou apresentações com músicas de Pixinguinha, Waldir
Azevedo, Geraldo Vandré, Chico Buarque, Lamartine Babo, Ari Barroso, Lina
Pesce, Cartola e muitos outros, além de partituras originais feitas para a
companhia por compositores como Milton Nascimento, Egberto Gismonti, Wiliam
Sena, Aylton Escobar, André Abujamra e Marcelo Petragli.
O palco do Stagium
nunca seguiu um padrão, mas sempre se adaptou aos diferentes cenários
encontrados por seus membros. Pátios de escolas públicas, favelas, cinemas,
praças, hospitais, igrejas, presídios, estações de metrô, praias e rios, palcos
flutuantes, chão de terra batido e desfiles de escolas de samba são alguns
exemplos da diversificada forma de se realizar um espetáculo.
E, para somar a toda
essa inovação, os integrantes da Cia. passaram a fazer aula-aberta com a
plateia antes de cada apresentação, motivando o público a se interessar ainda
mais pela dança.
Com isso, a companhia
conquistou grande público em todo o Brasil, que não era acostumado com tal
estilo artístico, além de, muitas vezes, ser avesso a manifestações
coreográficas.
O Ballet Stagium também
realiza cursos intensivos de férias, com frequência de
bailarinos, estudantes e professores de todo o Brasil. Artistas de vários
segmentos da cultura nacional já ministraram cursos e palestras à Companhia e
aos amantes da dança.
Foi a primeira
companhia profissional a desfilar em escolas de samba (Padre
Paulo, de Santos em 1978, e Nenê da Vila Matilde, de São Paulo em 1984 e 2000).
Confira algumas das mais
marcantes apresentações:
Ø
1973 – em um palco
flutuante no lago do Parque do Ibirapuera, comemorando o aniversário de São
Paulo
Ø
1974 – Barca da
Cultura - sobre um tablado montado no convés da Barcaça Juarez Távora, percorrendo
as cidades ribeirinhas do Rio São Francisco (de Pirapora a Juazeiro)
Ø
1977 – Posto Leonardo,
tendo como público 11 tribos indígenas do Alto e Baixo Xingu
Ø
1982 – Hospital do
Câncer em Carmen Prudente (SP)
Ø
1983 – Hangar da Varig
no aeroporto de Congonhas (SP)
Ø
1990 – Morro da
Conceição em Recife (PE); Buraco Quente da Mangueira no Rio de Janeiro
Ø 1991
– calçada do Parque Trianon, em comemoração aos 100 anos da Avenida Paulista
(SP); área de preservação ambiental em L’Aquila, na Itália
Ø 1991/2005
– saguão do Prédio dos Ambulatórios do Hospital das Clínicas em São Paulo
Ø 1994
– praça em Rio Preto da Eva, no interior de Manaus
Ø 1996
– viaduto do Chá, em São Paulo
Ø 199/2004
– unidades da antiga FEBEM de todo o estado de São Paulo
Ø 2002
– presídio de segurança máxima em Campina Grande (PR)
Ø 1991/2016
– escolas públicas de São Paulo
Também se apresentou
no Pantanal, na Serra Pelada, em Carajás, na Favela da Rocinha e no Largo da
Carioca.
Diretores de prestígio
Natural de
Budapeste, na Hungria, Márika é bailarina, coreógrafa, professora e diretora
artística. Seu trabalho é considerado de vital importância para o
desenvolvimento da dança e educação no Brasil.
Já recebeu diversos prêmios como o Cultural Blue Life, Medalha de Ordem do Rio Branco, Prêmio
Nacional Jorge Amado de Literatura e Arte; Prêmio “Mulheres do Mercado”; Prêmio
Moinho Santista-Bunge e Prêmio SócioEducando.
Décio Otero nasceu em Ubá, na Zona da
Mata de Minas Gerais. Em 1956 ingressou no corpo de baile do
Theatro Municipal do Rio de Janeiro, trabalhando com Tatiana Leskova, Maryla
Gremo, Eugênia Feodorova, Denis Gray, Helba Nogueira, Leonide Massine, Willham
Dollar, Vaslav Veltchek, Harald Lander e Nina Verchinina.
No Theatro Municipal dança, como primeiro bailarino,
os ballets Yara, Romeu e Julieta, O Combate, Masquerade, Gaité Parisienne, O
Compositor e Salomé.
Em 1959 recebe da ABCT o prêmio de Bailarino Revelação por sua atuação no pas de deux do Cisne Negro. Ele já foi premiado muitas outras vezes a partir de então.